Variedades

Este espaço é voltado para meus desabafos que podem ou não interessar ao caro leitor. Não escrevo à toa. Encontro na escrita, uma maneira de me tornar melhor e mais leve. E, quando inspirada, realmente consigo me sentir assim. tenho certeza que estou sendo auxiliada, de alguma forma, por bons amigos.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Lealdade de um cão


Como as coisas são engraçadas. Quando era criança, minha mãe pegou uma cachorrinha pra criar porque meu irmão Davi tinha medo de cachorro e, com essa atitude, a mamãe pensou que resolveria o problema dele. E não é que resolveu? Ela viveu por longos 16 anos! E nós não demos o valor que ela sempre nos dedicou. Passava a maior parte do tempo presa, tomava banho quando um de nós nos lembrávamos, ficávamos irritados com os latidos que, pioraram quando ela começou a ficar velhinha porque já não enxergava mais. Quando lembro disso, me dá uma dor no peito! Mesmo não sendo um “ser humano”, ela merecia muito mais o nosso respeito, o nosso carinho, o nosso amor. Uma vez, o meu pai viajou e ficamos sozinhos com a minha mãe em casa. Acho que os ladrões repararam a ausência do papai e tentaram entrar em casa pelo teto, mas a Tchola não deixou eles entrarem. Fez tanto escândalo, qua acordou toda a vizinhança e conseguiram ver a tentativa de entrada em casa e a polícia foi bater lá. No final, ela nos salvou! Quando os meus pais se separaram, ela sofreu tanto quanto nós, afinal ela escolhera um dono: o papai. Ele saiu de casa e ela ficou. A morte da nossa cachorrinha foi muito dolorosa. Ela morreu de câncer no útero. Se isolou e não deixou ninguém chegar perto. Não cheguei a ver, só ouvia os gemidos e aquele som agoniante ainda permeia a minha cabeça. Como não tínhamos mais quintal, meus irmãos pegaram o corpo dela e jogaram em um terreno abandonado.

Lilica com quatro meses
Anos depois fui morar em Paragominas. Longe de toda a minha família. Sentia-me tão sozinha... meu ex-marido trabalhava o dia todo e, várias vezes na semana, dormia sozinha porque ele trabalhava de turno. Aquela solidão era angustiante, foi quando tive a melhor das melhores idéias da minha vida: comprar um poodle. Sim, um poodle. Pesquisei na internet o temperamento da raça pra saber se iria combinar comigo e descobri que era um cãozinho de origem francesa, de companhia, temperamento esperto, alerta, ativo e muito, mais muito inteligente. Comecei a procurar nos pets em Belém, mas ainda estavam caros pro meu bolso. Resolvi então procurar nos classificados. Achei um anúncio que falava de tres filhotes de poodle toy com dois meses de nascidos.

Eu lá fui me embrenhar pra Sacramenta, sozinha sem o meu marido (na época) saber porque ele não queria de jeito nenhum. Quando cheguei na casa da mulher e vi aqueles dois cachorrinhos – é porque ela já havia vendido um –, me apaixonei por aquela coisinha pequetitinha e quietinha, cor de champanhe. – Preço, por favor? R$ 250,00. Lascou-se! Não tinha o dinheiro. Foi um parto. Mas, sou insistente e consegui. Levei minha Lilica pra casa depois de três visitas! E como ela me ajudou. Como ela me ajuda. Como ela é a “coisa” mais fiel do mundo! É verdade, é meio tola, mas não me importo. Quase perdi ela uma vez e a dor foi tão grande... prometi pra mim mesma que nunca mais iria maltratar um animalzinho como fizemos com a Tchola. Olho pra Lilica e vejo os olhos da minha cachorra falecida. Ela é a única criatura que me recebe, TODAS AS VEZES, com alegria. Não importa a hora, de que jeito. Quando brigo com ela, é impressionante o que ela faz pra chamar a minha atenção. E, depois que me separei, senti uma mudança nela incrível. Ela passou a me proteger de uma forma absurda! Quando alguém se aproxima de mim, com voz alterada, ela avança! Não é mentira! Ela estava tão acostumada com a nossa rotina, quando era casada, que depois, ela teve de reaprender. Por muitos meses, a Lilica ficava esperando, na porta de casa, sempre às 19h30, que era a hora que ele chegava. Ficava olhando atônita àquilo! Mas, acho que ela percebeu que ele não ia mais voltar. Talvez, com seu instito, ela sinta que preciso de mais proteção. Vai saber.

Será que essa cara engana alguém?? Nunca me enganou!
Só sei que a minha Lilica é um serzinho impressionante e é impossível dizer que ela não é inteligente. Sabe qual a coleira de passeio e sabe a que vai prendê-la. Sabe quando vamos sair e ela vai ficar. Sabe a hora que chego do trabalho. Só levanta da caminha dela, quando levanto da minha. Me dá amor incondicionalmente. Por isso, hoje posso dizer que não é frescura o que muita gente faz por seus animais de estimação. É que, ao contrário de muito ser humano, eles são fiéis até a morte. Eles não vão te machucar nunca. Seria bom se os homens parassem para ver o exemplo dos cães. Não, não dá pra chamar um homem de cachorro. Cachorro é leal e a maioria dos homens, não é. Quando ama, ama pra sempre e se dedica. Pega chuva pra te esperar no portão. Entre outras tantas coisas. A Lilica foi o melhor presente que já ganhei na vida! Aprendo muito com ela, principalmente o que é amor...

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