Variedades

Este espaço é voltado para meus desabafos que podem ou não interessar ao caro leitor. Não escrevo à toa. Encontro na escrita, uma maneira de me tornar melhor e mais leve. E, quando inspirada, realmente consigo me sentir assim. tenho certeza que estou sendo auxiliada, de alguma forma, por bons amigos.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta-feira Santa cheia de agonia!

Sou católica por formação. Estudei 11 anos em colégios católicos – Santa Catarina de Sena e Gentil Bittencourt – ambos em Belém, cidade em que nasci. Então, posso afirmar que tive uma formação religiosa católica. Sem contar que o meu pai, um ex-seminarista que, embora não tenha conseguido ser padre, trouxe à nossa família a simbologia, o rito e a formação católica.

Somos 4 filhos e o professor Pedro Lira, nosso pai, que também é teólogo, nos “obrigava” a freqüentar a igreja todos os domingos. E nós íamos como bons filhos que éramos e que acho, ainda somos. Depois que o meu pai deixou de seguir alguns mandamentos de Deus, nossa família se livrou da "obrigação" de ir à missa todos os domingos e até ele deixou de ir.

Papai passou a freqüentar os mais estranhos tipos de fé: terreiro de macumba, igreja evangélica, presbiteriana, espiritismo, etc. Não encontrou abrigo em nenhuma delas porque não se tratava de religião, mas de alma. Talvez o peso que ele carregasse na costa de ter feito a todos nós sofrer, não deixava ele ser feliz...

Pensei sobre tudo isso hoje, na sexta-feira da agonia – prefiro chamar assim, porque Jesus sofreu a pior agonia que um ser humano pode passar, que é a espera da morte. E hoje, quando olho para o meu pai, vejo que ele não está mais perdido. Sinto que, de alguma forma, ele se encontrou e está feliz.

E como me sinto feliz por ele e pelas escolhas que ele fez. Todas as escolhas recaem numa responsabilidade, um abrir mão que depende da maturidade do que se quer e acho que o mundo não precisa ser só um plano de expiações dos pecados, mas de felicidade porque todos somos filhos e filhas de Deus e a vinda de Jesus Cristo é uma prova disto. Não acredito que estamos aqui para pagar pecados cometidos em outras encarnações somente. Acho que estamos aqui para viver a diferença, sermos diferentes e fazermos as pessoas felizes, de alguma forma.

Tive que passar uma tarde com a minha irmã para ver que ela, por exemplo, só precisa passar um pouco mais de tempo comigo para ser mais feliz; que posso ser uma influência positiva na vida dela e levei seis anos para ver isso por total cegueira e insegurança, por achar que ela poderia tomar meu lugar no coração do meu pai. Bobagem pura. Meu lugar sempre esteve lá e sempre vai estar. Por isso, acho que essa Páscoa pra mim, significou realmente um rito de passagem: estava morta e renasci.

Há muito já havia percebido que a família na vida de uma pessoa é tudo, porque Deus, em sua plenitude e sabedoria, sabia que não poderíamos passar por essa vida sem sustentáculos, portos para abarcar quando quase naufragados. Sei que muitos no mundo afora não possuem família, como eu tenho, mas Deus tem uma missão para esses e uma recompensa também porque não há suplício pago sem recompensa. Enfim, sou um alguém abençoado por ter tudo que preciso para viver e não peço a Deus mais que isso. Não quero riquezas, não quero luxo. Quero apenas o que dê para viver com dignidade junto à minha família e começar a pensar no futuro dos meus pais, o que poderei dar a eles depois que estiverem cansados demais para cuidar de mim.

É isso que peço nessa Páscoa: que Deus e os espíritos amigos me iluminem para fazer a coisa certa e que isso sirva para dar a eles, meus pais, o que eles sempre me deram, além de amor. Pai e mãe, vocês são a razão de eu estar aqui e viva. Se não houvessem vocês no mundo, sei que iria viver, mas nunca mais seria completa e feliz plenamente e iria contar os dias para ver os sorrisos que me fazem tão feliz. Obrigado por fazerem de mim tudo o que verdadeiramente sou e por me entenderem, já que muitos preferem me julgar porque corro atrás dos meus objetivos e luto com unhas e dentes por eles. Essas pessoas me chamam de implicante, anti-social, caluniam-me pelas costas, o que me deixa triste, é verdade, mas sei que essa sou eu e que os defeitos vem no pacote e que vocês, a minha família, aceitam-me assim, do jeito que sou e me incentivam a melhorar, quando necessário.

Por tudo isso, obrigada. Pra mim, apesar de toda a explicação do “babo” sobre o velho e novo testamento, a minha Páscoa significa renascimento e confiança numa vida nova, como uma ressurreição, a oportunidade simbólica que Deus está nos dando chances novas de sermos melhores entre nós.

É isso!